Personagem
Quase quatro décadas
Carolina Siqueira participou de praticamente todos os festivais de dança realizados no São Paulo e diz que não tem planos de parar.
O álbum de fotografias está repleto, cheio de fotos de diferentes épocas. Carolina Lagreca Siqueira, 59 anos, vira uma a uma. Cada imagem traz lembranças distintas, deliciosas, e são a prova física de uma marca impressionante. Dos 40 Festivais de Dança realizados até hoje no São Paulo, ela participou de 38! E, por uma ironia do destino, uma dessas duas ausências foi justamente no primeiro festival, há 40 anos. “Logo depois do nascimento de nosso terceiro filho, o Rogério, meu marido, Roberto, comprou o título aqui no São Paulo. Como ele era de colo ainda, demandava mais cuidados. Eu já frequentava as aulas de ginástica, estava toda entusiasmada com os ensaios, com a coreografia, na expectativa da primeira apresentação. Desde aquela época o evento acontecia em dezembro, como uma espécie de coroamento depois de um ano de muito ensaio, muita entrega, não só minha, mas de todos os envolvidos. E não é que o Rogério pegou uma gripe fortíssima no fim do ano? Não pude vir nos ensaios finais, dessa forma fiquei privada de participar do que seria meu primeiro festival”, conta Carolina. A outra ausência foi há cinco anos e dá uma dimensão do que o evento significa para Carolina. “Fui convidada para ser madrinha de casamento de uma sobrinha, que morava em Brasília, e as datas da cerimônia e do Festival coincidiam. Fiquei lisonjeada com o convite, não podia faltar. Durante a festa, eu olhava para o Roberto e dizia: ‘estão todos dançando agora’. Não parava de chorar (risos), estava feliz pela minha sobrinha, mas o Festival faz parte da minha vida, foi dolorido ter me ausentado”. Ela diz que o ano de 1981 também foi marcante, por ter sido cercado por um turbilhão de sentimentos. “Meu pai faleceu naquele ano, algo totalmente inesperado. Mas subi no palco assim mesmo, sensações se misturavam na minha cabeça. Posso te dizer que já experimentei de tudo me apresentando. Já dancei com febre, cantei com dor de garganta e, acredite, mesmo assim ainda fico nervosa toda vez que vamos começar uma apresentação. Mas depois que subo lá, esqueço de tudo. E os aplausos alimentam minha alma!”. HOMENAGENS Outra grande conquista nesses anos todos de São Paulo foram as amizades que construiu. “Tenho muitas amigas, às muitas vezes chego meio triste ao clube, mas basta encontrá-las para que tudo melhore. São companheiras, confidentes, nos reunimos dentro e fora do clube também. O maior ganho que tive ao começar a frequentar o São Paulo foi o círculo de amizades que formei”, diz Carolina. Seu marido, Roberto, foi homenageado pelo clube quando completou 30 anos de quadro associativo. E Carolina também recebeu uma placa comemorativa, quando participou do seu 25° Festival. “Passamos uma vida no São Paulo, meus filhos mais velhos, Ricardo e Renato, frequentavam a piscina, o judô, disputaram torneios pelo clube, ganharam medalhas, nós os acompanhávamos, tudo era uma grande festa. Quando olho para trás, só boas lembranças povoam a minha mente, adoro esse lugar”. Perguntada se vai continuar participando dos festivais futuros, diz que sim, de forma categórica. “Vou de bengala, se for preciso (risos)”. Carolina aproveita para agradecer a todos os professores, de ginástica e de ritmos, que a ensinaram tudo o que sabe. “Sem eles nada seria possível. São ótimos profissionais, amigos mesmo, só me resta dizer: obrigada!”. MAIS CAROLINA De onde – São Paulo, capital Time do coração – “Nasci são-paulina e vou morrer são-paulina, assim como o Roberto” Profissão – Professora de Língua Portuguesa. “Faz tempo que não leciono em sala de aula. Eu e Roberto temos uma empresa, a IBRAE, que fornece vídeos, aulas prontas mesmo” Vem ao clube – “Às terças e sextas-feiras, religiosamente”